20 de maio de 2013

10 atividades industriais que mais matam no mundo



Pelo menos 125 milhões de pessoas no mundo têm a saúde comprometida pela poluição tóxica. E a culpa é da atividade industrial. Chumbo, cromo, mercúrio, amianto, cádmio e compostos orgânicos voláteis – os poluentes mais comuns e mais mortais do planeta – já diminuíram 17 milhões de anos de vida nos países em desenvolvimento. Isso só em 2012.

Os dados são do World’s Worst Pollution Problems Report (“Relatório de piores problemas do mundo relacionados à poluição”, em português), documento elaborado com base nas informações coletadas por um programa de identificação de locais tóxicos implementado pelo Instituto Blacksmith em parceria com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). Este indicador estima, simultaneamente, o impacto da mortalidade e dos problemas que afetam a qualidade de vida. Por isso, é um importante instrumento para avaliar o estado de saúde da população.

O relatório mede o impacto da exposição a poluentes tóxicos em Disability Adjusted Life Years (DALYs), ou seja, Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade. Se já é assustador imaginar que a poluição tira tanto tempo de vida, fica ainda comparar com outras doenças: o número é superior aos 14 milhões de DALYs causados pela malária e não está muito atrás dos 34 milhões de anos perdidos devido à tuberculose e 29 milhões provocados pelo HIV/AIDS.

Conheça os 10 maiores focos de poluição do mundo e seus impactos na expectativa de vida e saúde da população:


1. Reciclagem de baterias

                           

Anos de vida perdidos: 4,8 milhões
Apesar de serem recarregáveis, o desgaste de baterias chumbo-ácidas (usadas em automóveis para partida, iluminação e ignição) diminui sua capacidade de acumular energia elétrica. O problema é que, quando estas baterias são recicladas, os metais são separados dos plásticos para a reutilização dos materiais na cadeia produtiva. Em países de baixa e média renda, o crescimento da indústria automobilística aumenta a demanda por chumbo e a reciclagem dessas baterias se torna, por sua vez, também uma grande indústria. Quando a fiscalização ambiental é ineficaz, esta demanda é suprida por usinas de reciclagem informais, onde é comum que as baterias chumbo-ácidas sejam quebradas usando machados ou martelos e a fundição dos componentes metálicos ocorre em locais abertos. Aí, já viu: sem regulamentação, este tipo de atividade libera chumbo no meio ambiente e contamina os trabalhadores e a população, podendo causar problemas neurológicos e de desenvolvimento.

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2. Fundição de chumbo

                               

Anos de vida perdidos: 2,6 milhões
A fundição é um processo industrial que trata os minérios de chumbo para remover as impurezas para a produção do chumbo metálico. Mas esse processo não é tão limpinho e pode liberar poluentes pesos-pesados. Os maiores focos de contaminação relacionados a esta atividade estão na China, Europa Oriental, América do Sul e no Sudeste Asiático. Nestes locais, a legislação ambiental frouxa permite que elementos liberados na fundição do chumbo sejam soltos no ambiente. Emissões atmosféricas podem conter vapores de chumbo e pó, enxofre e dióxido de carbono, além de finas partículas de poeira com arsênio, antimônio, cádmio, cobre e mercúrio. Nos processos de fundição sem controle da poluição, emissões atmosféricas podem chegar a conter até 30 kg de chumbo por tonelada métrica de chumbo produzido. É poluente que não acaba mais. Como se não bastasse, substâncias tóxicas podem ser encontradas na água perto das fábricas de fundição – o controle ambiental inadequado faz com que líquidos residuais provenientes de processos de fundição sejam misturadas à água consumida pela população, sem a descontaminação necessária.

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3. Mineração e processamento de minérios

                             

Anos de vida perdidos: 2.521.600
O processo de remoção de minérios, minerais, metais e pedras preciosas da terra é importante para produção dos mais variados produtos e materiais, mas pode trazer também grandes impactos à saúde humana. Normalmente, o minério extraído é transportado para instalações onde é processado, lavado e separado para obtenção de minerais. A etapa seguinte inclui o refino de fundição ou algum outro tipo de acabamento, processo que requer uma diversificada quantidade de produtos químicos. O produto dessa operação é um rejeito contaminado. O problema está anunciado: em locais em que os processos de mineração não seguem a legislação ambiental, os resíduos (cheios de produtos químicos tóxicos) são liberados no meio ambiente.

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4. Operações de curtume


                              

Anos de vida perdidos: 1,93 milhões
Quando você compra um cinto de couro provavelmente não imagina o processo de produção por trás do acessório. Muito antes de chegar às lojas (ou às suas calças), o material que constitui esse e outros produtos similares passou por um conjunto de procedimentos que recebe o nome de curtimento. É através deste processo que as peles de animais são tratadas e transformadas em couro. E, como você pode imaginar, transformar a pele dos bichinhos em matéria prima para produção de sapatos requer o uso de uma quantidade grande de produtos químicos. Enquanto em fábricas regulamentadas o impacto ambiental é controlado, em operações informais o risco de contaminação cresce. Na Índia, por exemplo, 75% dos curtumes foram produzidos em operações de pequena escala em 2011, em locais onde geralmente faltam recursos para investir em mecanismos de controle eficiente da grande quantidade de resíduos produzidos.
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5. Lixões industriais e municipais

                              

Anos de vida perdidos: 1,234 milhões
Lixo doméstico, pilhas, sucata e resíduos agrícolas, hospitalares e de processos industriais. Em aterros sanitários regularizados há controle e separação dos resíduos – encaminhando materiais cancerígenos, corrosivos, tóxicos ou inflamáveis para tratamento. Mas nos lixões e locais de despejo irregulares tudo está junto e misturado. O resultado não poderia ser outro se não a ampla contaminação do solo, dos lençóis freáticos e da população. A maior parte destes lixões está localizada na África, no Leste Europeu e nos países do norte da Ásia e os impactos na saúde causados por estes poluentes incluem câncer pulmonar, problemas neurológicos e doenças cardiovasculares.

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6. Parques industriais

                             

Anos de vida perdidos: 1,06 milhões
Os parques industriais são locais com infraestrutura geralmente construída pelos governos para atrair e apoiar a atividade. É bonito no papel, mas nem sempre na prática. A contaminação em parques industriais geralmente é causada pela falta de tecnologia e infraestrutura adequadas para o tratamento de resíduos ou controle da poluição. Emissões de poluentes no ar, contaminação das águas superficiais e dos aquíferos são os principais problemas encontrados em propriedades mal geridas e controladas.


7. Mineração artesanal (garimpo)

                             

Anos de vida perdidos: 1,021 milhões
A mineração artesanal é uma atividade informal em pequena escala, mas libera mais mercúrio no ambiente que qualquer outro setor em todo o mundo. Utilizando métodos rudimentares e baixa tecnologia, essas estruturas geralmente não possuem nenhum controle de poluição. O minério, triturado e lavado para obtenção do ouro, ganha adição de mercúrio durante o processo – um método bastante ineficiente, que captura apenas cerca de 30% do ouro disponível. Porém, o mercúrio continua a ser usado por ser barato e por estar amplamente disponível. Segundo o Instituto Blacksmith, mais de 4,2 milhões de pessoas estão expostas ao risco de contaminação, a maioria na África e Sudeste Asiático, mas com uma alta concentração de garimpeiros também na América Latina.


8. Fabricação de manufaturas

                                 

Anos de vida perdidos: 786 mil
Essencial para a prosperidade de um país e importante para os consumidores individuais, a fabricação de produtos manufaturados é um dos principais contribuintes para o PIB e para a economia global – segundo relatórios do World Economic Forum, a quantidade de produtos manufaturados exportados influencia em 70% das variações do PIB. No caso de países de baixa e média renda, enquanto a demanda por produtos cresce, a rápida expansão da sua fabricação é estimulada, mas nem sempre isso significa melhorias na infraestrutura – 3,5 milhões de pessoas encontram-se potencialmente expostas a poluentes tóxicos. Com mais da metade dos problemas localizados no Sul e Sudeste Asiático, onde a regulamentação da fabricação de produtos (você já sabe) é frequentemente negligente, o problema também está presente em outras regiões como a África e a China, responsável por 15% dos produtos fabricados no mundo.

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9. Fabricação de produtos químicos

                             

Anos de vida perdidos: 765 mil
Produtos químicos de base, como pigmentos, corantes, gases e petroquímicos; materiais sintéticos, como plásticos, produtos de pintura, produtos de limpeza. A fabricação de produtos químicos é uma fonte de poluição tão grande que o Instituto Blacksmith elabora relatórios individuais para itens como os produtos farmacêuticos, solventes, corantes e os pesticidas. Com a maioria dos focos dos problemas na China, Europa Oriental e Sul da Ásia, a indústria de produtos químicos coloca cerca de 5,3 milhões de pessoas em risco de exposição. O caso da Europa Oriental é ainda mais grave, com um número desproporcional da população de risco – cerca de 3 milhões de pessoas.

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10. Indústria de corantes

                           

Anos de vida perdidos: 430 mil
Corantes são utilizados desde 3.500 a.C. para tingir tecidos e outros materiais. O que mudou de lá para cá é a quantidade de produtos químicos envolvidos no processo. E é aí que está o perigo: ácido sulfúrico, crômio, cobre e outros elementos metálicos estão entre os químicos mais encontrados nos corantes. E ao longo do processo de fabricação muitos outros aditivos, como solventes e compostos químicos, também são utilizados. Para se ter uma noção de como esses produtos podem ser altamente poluentes, é só pensar apenas no caso das indústrias têxteis: com uma produção anual de 60 bilhões de toneladas de tecidos, as fábricas utilizam 34 trilhões de litros de água para resfriamento, limpeza de equipamentos e lavagem e processamento de corantes e produtos. Quando todo esse processo não é fiscalizado, quem paga a conta é a população: segundo dados do Instituto Blacksmith, a indústria de corantes põe em risco mais de 1 milhão de pessoas em todo mundo, com o foco do problema se concentrando principalmente no Sul Asiático e na Índia.

Fonte: Superinteressante

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