Quando o assunto é astronomia, estamos acostumados com números inimagináveis, seja ao falarmos de tempo, distância, tamanho ou massa. Agora, estamos prestes a conhecer mais um destes valores grandes demais para fazer algum sentido para nós, já que astrônomos descobriram o que parece ser uma das mais antigas estrelas conhecidas no universo.
De acordo com cientistas da Universidade Nacional da Austrália (ANU, na sigla em inglês), a estrela anciã foi formada não muito tempo depois do Big Bang, há cerca 13,8 bilhões de anos. Os pesquisadores ainda não sabem determinar a idade exata do astro, mas acreditam que deva ser aproximadamente 400 milhões de anos mais velha que uma estrela identificada recentemente por uma equipe de europeus e norte-americanos.
Batizada com o complicado nome SMSS J031300.362670839.3, ela está localizada a 6 mil anos-luz da Terra e teria sido formada a partir dos restos de uma estrela primordial, que era 60 vezes mais massiva que o sol. Assim, a estrela anciã faria parte da segunda geração de estrelas do universo. A descoberta foi publicada na revista “Nature”.
A novidade deve ajudar os cientistas a compreender melhor as origens do universo, já que estrelas são como cápsulas do tempo, e podem auxiliar até mesmo na resolução de discrepâncias entre observações e especulações a respeito do Big Bang. “O que estamos vendo é a origem de onde veio todo o material que nos rodeia, de tudo precisamos para sobreviver”, afirma o principal autor do estudo, Stefan Keller, da Escola ANU de Pesquisa em Astronomia e Astrofísica.
“Esta é a primeira vez que fomos capazes de dizer de forma inequívoca que encontramos a impressão digital química de uma das primeiras estrelas”, disse em um comunicado à imprensa. “Este é um dos primeiros passos para entender como eram essas primeiras estrelas”, continua.
Keller e sua equipe descobriram que a estrela tem uma composição inesperada. Os astrônomos pensavam que as estrelas primordiais – como aquela que deu origem à SMSS J031300.362670839.3 – morreram em grandes explosões de supernovas que espalharam grandes quantidades de ferro em todo o espaço. No entanto, as novas observações mostraram que a composição da estrela anciã não abriga ferro. Em vez disso, é composta por elementos mais leves, como o carbono.
“Isso indica que a explosão da supernova da estrela primordial tinha níveis surpreendentemente baixos de energia”, aponta Keller. “Embora tenha sido o suficiente para desintegrar a estrela primordial, quase todos os elementos pesados, tais como ferro, foram consumidos por um buraco negro que se formou no centro da explosão”.
Os cientistas também descobriram que a composição da estrela é muito diferente do nosso sol. “Para fazer uma estrela como o nosso sol, você pega os ingredientes básicos de hidrogênio e hélio que vieram do Big Bang e adiciona uma quantidade enorme de ferro – o equivalente a cerca de mil vezes a massa da Terra”, conta Keller. “Para fazer esta estrela antiga, você não precisa de mais do que um asteroide de ferro do tamanho da Austrália e um monte de carbono. É uma receita muito diferente, o que nos diz bastante sobre a natureza das primeiras estrelas e como elas morreram”.
A astrônoma do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA) Anna Frebel explica que, devido a sua baixa massa, a estrela, localizada na Via Láctea, tem uma vida útil longa, ao contrário das estrelas primordiais que, por terem uma massa muitíssimo elevada, viveram de forma intensa e morriam jovens.
Keller e sua equipe descobriram a SMSS J031300.362670839.3 usando o telescópio SkyMapper, da ANU. O SkyMapper está examinando o céu no Observatório Siding Spring, na Austrália, para produzir o primeiro mapa digital do céu do hemisfério sul. Eles confirmaram suas observações usando o telescópio Magellan, no Chile.
Fonte: hypescience.com
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