Para o soldado alemão Hein Severloh, o “Mais longo dos dias” foi atirar com uma metralhadora por cerca de nove horas, sem intervalo, em soldados americanos que desembarcavam na praia de Omaha, o setor americano do Dia D.
Existe uma lembrança que ainda leva os olhos de Severloh, ainda hoje, às lágrimas. Um jovem americano tinha corrido da sua embarcação de desembarque para se abrigar atrás de um bloco de concreto. Severloh, então um jovem Obergefreiter no exército alemão na Normandia, mirou o GI com seu rifle. Ele atirou, atingindo o inimigo na testa. O capacete do americano voou e caiu no mar, seu queixo caiu para o peito e o GI caiu morto na praia.
Atormentado pela memória, Severloh agora chora ao lembrar-se da morte deste soldado desconhecido.
Severloh estava seguro em um quase impenetrável bunker de concreto observando a praia. Sua visão das forças aliadas que desembarcavam estava totalmente desimpedida de obstáculos.
Ele foi o último soldado alemão disparar um tiro em Omaha, e estima-se que foi responsável por mais de 3.000 baixas americanas, quase três quartos de todas as baixas aliadas em Omaha Beach. Os americanos o chamam de “A Besta de Omaha”.
Ele foi o último soldado alemão disparar um tiro em Omaha, e estima-se que foi responsável por mais de 3.000 baixas americanas, quase três quartos de todas as baixas aliadas em Omaha Beach. Os americanos o chamam de “A Besta de Omaha”.
Ele se salvou das ondas de bombardeios aliados pelo mau tempo. Os pilotos americanos tinham medo de, soltandos as bombas muito cedo, acertar seus próprios navios de desembarque, e assim a maior parte delas caiu além dos bunkers alemães.
Os alemães faziam piadas dizendo que os “Amis” – apelido das forças americanos – conseguiram acertar somente vacas e fazendeiros franceses longe das forças alemãs.
Alertado pelas bombas, Severloh e outros 29 soldados em seu bunker correram para os ninhos de metralhadora e se prepararam para o massacre. Severloh, então com 20 anos, engasgou quando viu o oceano. Ele enxergava uma muralha de navios americanos. Ele disse: “Meu deus, como vou sair dessa?”.
O veterano exclamou: “O que eu podia fazer? Eu jamais escaparia. Estava lutando por minha vida. Era eles ou eu. Eu pensei tudo isso".
À medida que os navios com as tropas inimigas se aproximavam, Severloh podia ouvir as ordens finais de seu comandante, Lieutenant Berhard Frerking. O objetivo era parar os americanos enquanto eles ainda estivessem no mar e não pudessem se locomover com facilidade. Mas se disparasse tão cedo - com os inimigos ainda no mar -ele poderia errar.
Frerking explicou: “Você precisar abrir fogo quando o inimigo está com a água nos joelhos e ainda não tem condições de correr ”.
Hein Severloh não tinha participado de muita ação antes disso. Seu cargo anterior, no front oriental, foi não durou muito porque ele teve uma crise de amidalite. Ele não mostrava muito entusiasmo. “Eu nunca quis participar da guerra. Nunca quis conhecer a França. Nunca quis estar num 'bunker' atirando com uma metralhadora.”
“Eu via a água espirrar para todo lado, onde minha metralhadora atingia, e via os soldados se atirarem no chão pelas redondezas. Logo eu vi os primeiros corpos balançando nas ondas da maré alta. Em pouco tempo, todos os americanos lá embaixo tinha sido atingidos”.
Severloh atirou por nove horas, usando mais de 12.000 cartuchos de uma Mg 42. O mar estava manchado pelo vermelho do sangue dos corpos dos GIs. Quando a munição para a metralhadora acabou, ele começou a atirar com seu rifle, gastando mais 400 cartuchos.
Um conceituado historiador alemão da Segunda Guerra Mundial, Helmut Konrad Freiherr von Keusgen, acredita que Hein Severloh pode ter sido responsável por 3.000 das 4200 baixas americanas no dia.
Severloh não tem tanta certeza desse número, mas diz “Foi, definitivamente, mais de 1.000 homens, provavelmente mais de 2000. Mas eu não sei quantos eu acertei. Tudo foi horrível. Pensar nisso me faz passar mal. Eu quase esvaziei um barco de desembarque inteiro.
O mar estava vermelho na praia, e eu podia ouvir um oficial americano gritando histericamente em um amplificador”. O Tenente-Coronel Stuart Crawford, reformado pelo Real Regimento de Tanques, e um Consultor de Defesa, disse que é inteiramente possível que apenas um soldado alemão tenha matado tantos americanos.
O mar estava vermelho na praia, e eu podia ouvir um oficial americano gritando histericamente em um amplificador”. O Tenente-Coronel Stuart Crawford, reformado pelo Real Regimento de Tanques, e um Consultor de Defesa, disse que é inteiramente possível que apenas um soldado alemão tenha matado tantos americanos.
Severloh disse “Eu atirei com aquela metralhadora. Eu fiz isso como parte do meu treinamento, e a Mg 42 tem uma cadencia extremamente elevada. Eu estava em uma posição que tornava quase impossível que os americanos, lá da praia, me atingissem. Os americanos cometeram o erro de não desembarcar tanques com as primeiras ondas de tropas, de modo que as tropas ficaram sem nenhuma proteção.”
Hoje suas vítimas encontram-se enterradas no cemitério americano acima da praia de Omaha. Um quarto das 9.368 cruzes de pedra brancas que cobrem o gramado foram suas vitimas. Hein Severloh tinha 20 anos de idade e o seu feito no Dia D ate hoje era considerado como confidencial Wehrmacht.
A invasão Aliada foi o seu primeiro gosto real da ação. Hoje ele e um frágil e respeitado pensionista de 81 anos que vive em uma fazenda na vila de Metzingen perto de Hamburgo. Disse na entrevista que ate hoje não se recuperou dos sofrimentos que a guerra lhe provocou. Ele comentou que nunca pensou que sairia vivo de lá. Lutou pela sua vida... Eram eles ou eu, foi aquilo que eu pensei." Disse que os soldados caiam como formigas naquele pesadelo.
Na medida que dava os tiros, procurava não olhar para a cara dos soldados americanos. "Quando mirei em um dos soldados inimigos, olhei o seu rosto quando disparei a minha arma...o seu rosto se contorceu com os primeiros impactos no seu peito e ali vi a sua cabeça explodir ficando o seu capacete no ar".
Ele disse que se sente doente quando pensa sobre aquilo. Para Hein Severloh, a guerra começou e terminou esse dia.
O seu bunker foi colocado fora de combate por uma granada que matou o seu oficial comandante. Foi feito prisioneiro pelos americanos e enviando aos Estados Unidos cinco dias mais tarde. Ficou três anos como um prisioneiro de guerra. Em 1959, sua história tinha-se tornado publica nos Estados Unidos. Os americanos chamaram-no de ‘a besta da praia de Omaha’. Mais tarde encontrou David Silva, um GI ferido três vezes na praia de Omaha. Quando eles se encontraram na Alemanha nos anos 60 abraçaram-se por cinco minutos.
Franz Gockel serviu com Hein Severloh no bunker WN 62. Para este veterano de 78 anos de idade, o país que ocupou uma vez transformou-se um segundo lar. Cada verão, ele e Hedwig alugam uma casa de campo na vila de Colleville-sur-Mer na Normandia...muito perto dos campos da matança na praia de Omaha.
Hoje, um obelisco lembra os mortos americanos bem em cima do concreto remanescente do bunker WN 62. Mas não há nada para lembrar aos milhões dos visitantes no local dos alemães que foram mortos lá.
Em 2005, Franz Gockel colocou uma cruz de madeira bem pequena no lado de fora de seu bunker em memória dos 18 homens de sua unidade que morreram na ação. Em menos de uma semana mais tarde, esta homenagem foi destruída.
Fonte: A Vida no Front
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