
A cidade de Fallon está localizada no Vale do Lahontan, Condado de Churchill, oeste de Nevada, nos Estados Unidos. Sua população era de 7.536 habitantes no censo realizado em 2000. Embora sua área territorial seja árida, ela é uma comunidade essencialmente agrícola, com 200 km2 de terras irrigadas com água fornecida pelo Distrito de Irrigação Truckee-Carson, e aproveitadas, principalmente, para a cultura da alfafa.
Cerca de sete quilômetros a leste da localidade encontra-se o Grimes Trail Petroglyph Point, um sítio arqueológico gerenciado pelo Bureau of Land Management, autarquia federal ligada ao Departamento de Interior do governo americano e responsável pela administração das terras públicas do país. As rochas existentes nesse local mostram um bom número de inscrições feitas por povos nativos que há oito mil anos ali viviam em torno de um antigo lago que secou há muito tempo. Essas pinturas atraem hoje um bom número de visitantes americanos e estrangeiros, interessados em conhecer de perto a arte dos primitivos habitantes daquela região.

A descoberta despertou o interesse dos Wheeler, que ajudados por moradores locais conseguiram retirar 67 artefatos diversos daquele local. Estes, em seguida, foram enviados para o Nevada State Museum, a fim de serem examinados, quando então sua idade foi estimada entre 1.500 e 2.000 anos. A partir daí eles ficaram aparentemente esquecidos durante 54 anos no depósito do referido museu, em Carson City, até que em 1994 o antropólogo R. Erv Taylor, da Universidade da Califórnia – Riverside, usando técnicas modernas (espectometria de massa) para examinar parte do que tinha sido encontrado em Spirit Cave, constatou que as duas múmias tinham, aproximadamente, 9.400 anos, sendo, portanto, as mais antigas já descobertas em terras norte-americanas.
Além disso, estudos posteriores, mesmo não estabelecendo uma associação definitiva, determinaram que as características caucasóides das múmias eram similares à dos Ainu, comunidade indígena que vive no norte do arquipélago japonês e tem, além de traços físicos parecidos com os dos esquimós, cultura e idioma próprios. Nessa ocasião foi sugerida, também, uma possível ligação com polinésios e australianos, sendo esta mais forte do que a de qualquer cultura nativa americana. Esses resultados foram publicados pelo Nevada State Museum em 24 de outubro de 1999, despertando a imediata atenção nacional.
A conseqüência foi que representantes dos índios Paiute e Shoshone, cujos ancestrais habitavam aquela região na época da datação dos restos encontrados ali, exigiram na Justiça que uma vez sendo os mesmos confirmados como pertencentes a membros de suas tribos, fossem devolvidos a elas.

Analisando o processo, o Tribunal de Justiça do Distrito de Nevada considerou em 2006 que o Bureau of Land Management (BLM) errara ao declarar preliminarmente que a mais antiga múmia humana encontrada na América do Norte não tinha qualquer ligação com tribos nativas americanas contemporâneas, sem, no entanto, apresentar provas a respeito. E ordenou seu reenvio ao BLM, para reconsideração da prova.
Os arqueólogos do Nevada State Museum pretenderam, então, estudar as múmias mais detalhadamente, mas o órgão governamental que cuida da proteção dos nativos americanos manifestou-se contrariamente quanto a essa pretensão. O que se sabe é que o BLM iniciou, então, estudos sobre evidências culturais, biológicas e físicas das múmias, para determinar sem sombra de dúvida se elas tinham, realmente, alguma relação com qualquer tribo americana dos dias modernos. E concluiu que não existe qualquer vínculo cultural delas com a tribo Paiute do Norte.
Diante disso, tem-se como certo que essa pendência judicial vai continuar por mais algum tempo. Mas enquanto isso, a dúvida principal permanece sem resposta: se as múmias de Spirit Cave não são de indígenas que na época moravam naquela região, de quem, ou de qual povo são elas, afinal de contas?
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