O mundo das descobertas científicas e tecnológicas pode ser muito ingrato. Como se não bastassem as confusas brigas por patentes e disputa de egos, cientistas, pesquisadores e inventores também enfrentam os perigos oferecidos pelo desconhecido.
Principalmente quando o inovador em questão está prestes a se tornar o primeiro em algum experimento extraordinário. E não foram poucos os que perderam suas vidas em nome da ciência e progresso da tecnologia.
Veja abaixo, 6 nomes, entre inventores, cientistas e pesquisadores, e que cujas mortes foram causadas por suas próprias obras:
Franz Reichelt, o alfaiate voador
Nascido em Viena (1879), Franz Reichelt era alfaiate, inventor e entusiasta da aviação. Um dos pioneiros do paraquedas moderno, o austríaco desenvolveu seus protótipos em forma de asa, usando a seda como material principal.
O problema do protótipo era seu tamanho: pesava 70 kg e era feito com 6 metros de tecido. Mesmo assim, os testes feitos com bonecos se mostraram promissores o suficiente para encorajarem o inventor a saltar da Torre Eiffel em 1912. Na época, o símbolo máximo da França ainda era a estrutura mais alta do mundo.
A imprensa e alta sociedade parisiense estavam presentes em peso no dia que Reichelt saltou pela primeira, e última vez, com seu projeto de paraquedas, do primeiro pavimento da Torre Eiffel até o chão. A invenção, contudo, falhou e seu inventor despencou de uma altura de 60 metros.
Justiça seja feita: a autopsia detectou que o austríaco sofreu um ataque cardíaco antes de chegar ao solo e que esta foi a causa da sua morte. Mas, independente da sua condição cardíaca, eram remotas as chances de que ele teria sobrevivido à queda.
Otto Lilienthal, pioneiro em voos de planador
Nascido em 1848, na cidade de Anklam, o alemão Otto Lilienthal ficou conhecido como “o pai do voo planado”. Engenheiro mecânico, em 1867 Herr Lilienthal publicou um importante estudo sobre o voo dos pássaros, considerado uma das obras mais importantes da aviação.
Segundo informações do Museu Otto Lilienthal, foi em 1891 que, depois de vários protótipos, o alemão chegou ao modelo Derwitzer Glider, o primeiro a carregar uma pessoa. Alguns anos depois, Herr Lilienthal desenvolveu o aquele que seria o seu carrasco, o planador “Normal Glider”. Ao decolar e planar com ele no dia 9 de agosto de 1896, o alemão caiu de uma altura de 17 metros do chão, quebrando a coluna.
Herr Lilienthal morreu no dia seguinte. Reza a lenda que suas últimas palavras, como bom germânico, foram: “Opfer müssen gebracht werden” que, em português, significam “sacríficios precisam ser feitos”.
Thomas Andrews, o projetista do Titanic
O irlandês Thomas Andrews foi um projetista naval, responsável pelo projeto de um dos maiores navios de passageiros do início do século passado: o Titanic. Andrews começou a trabalhar no estaleiro Harland & Wolff, que construiu o transatlântico, ainda aos 16 anos.
Na fatídica noite do dia 14 de abril de 1912, Andrews estava em sua cabine no momento da colisão do navio com o iceberg. Mas, só percebeu que algo estava errado quando o Capitão Smith, que chefiava o Titanic, enviou uma mensagem pedindo que fosse até a cabine.
Depois de vistoriar os danos, foi o próprio Andrews que deu a notícia de que o Titanic naufragaria por completo em poucas horas. Logo em seguida, o engenheiro circulou pelo navio auxiliando passageiros a entrarem nos botes e a vestirem seus coletes salva-vidas. Ele foi visto pela última vez olhando para uma pintura pendurada na primeira classe do Titanic, sem colete.
Louis Slotin, um dos criadores da bomba atômica
O cientista canadense Louis Slotin é mais um a integrar a lista de nomes daqueles cujas mortes foram causadas pelas próprias obras. Durante a Segunda Guerra Mundial, Slotin foi um dos físicos que participou do Manhattan Project – o projeto do governo americano, Canadá e Reino Unido para a fabricação da bomba atômica.
Um ano depois do fim da guerra, Slotin continuou sua pesquisa no laboratório do governo em Los Alamos (Estados Unidos). E foi lá que, em 21 de maio de 1946, o físico começou, por acidente, um processo de fissão nuclear ao realizar um experimento. Tal processo libera grandes volumes de energia e é tipicamente usado em usinas nucleares e, claro, bombas atômicas.
As doses letais de radiação que irradiaram em Slotin acabaram por matá-lo nove dias depois do acidente.
Marie Curie, a primeira dama da ciência
Outra cientista que pode ter seu nome incluso na lista é a polonesa Maria Sklodowska, mais conhecida como Marie Curie. Ela era casada com o físico Pierre Curie, com quem realizou importantes estudos no campo da radioatividade.
Em 1903, Marie, seu marido e outro físico, Antoine Henri Bequerrel foram laureados com o Prêmio Nobel de Física, justamente pela pesquisa que descobriu a radioatividade em sais de urânio e contribuições científicas para este campo.
Anos mais tarde, em 1911, Marie ganhou a honraria mais uma vez, porém por suas descobertas no campo da química, nas quais identificou dois novos elementos, o rádio e polônio. Ela se tornou a primeira pessoa da história a receber o prêmio duas vezes.
Em 1934, Madame Curie veio a falecer de leucemia, provavelmente causada pela exposição contínua à radiação durante toda a sua vida.
Thomas Midgley Jr, inimigo nº1 dos ambientalistas
Um dos americanos mais polêmicos de todos os tempos, Thomas Midgley Jr. é o responsável pelo desenvolvimento do tenebroso composto clororfluorcarbono, mais conhecidos como CFC ou ainda freon.
O composto é um dos maiores vilões da restauração da camada de ozônio e seu uso é atualmente proibido em vários países. Mas ele não morreu necessariamente de tanto inalar CFC. Mas sim por conta de outra invenção, muito mais modesta.
Midgley contraiu poliomielite nos anos 40 e a doença o deixou severamente incapacitado. Para conseguir levantar da cama, ele desenvolveu um mecanismo feito com cordas e roldanas. Um dia, ao tentar se movimentar com o aparelho, Midgley se enforcou acidentalmente com as cordas e morreu asfixiado.
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