9 de abril de 2021

A História do Halloween + 10 Curiosidades


Em declaração feita no ano de 2009, o Vaticano condenou o Halloween como uma festa perigosa carregada por vários elementos anticristãos. No Brasil, observamos que algumas pessoas torcem o nariz para a comemoração do evento por entendê-lo como uma manifestação distante da nossa cultura. No fim das contas, muito se diz a respeito, mas poucos são aqueles que examinam minuciosamente os significados e origens de tal festividade.

Desde a Antiguidade, observamos que várias festividades populares eram cercadas pela valorização dos opostos que regem o mundo. Um dos mais claros exemplos disso ocorre com relação ao carnaval, que antecede toda a resignação da quaresma. No caso do Halloween, desde muito tempo, a festividade acontece um dia antes da “festa de todos os santos” e, por isso, tem seu nome inspirado na expressão, como você poderá ver mais abaixo.


Pelo fato do 1° de novembro estar cercado de um valor sagrado e extremamente positivo, os celtas, antigo povo que habitava as Ilhas Britânicas, acreditavam que o mundo seria ameaçado na véspera do evento pela ação de terríveis demônios e fantasmas. Dessa forma, o “halloween” nasce como uma preocupação simbólica onde a festa cercada por figuras estranhas e bizarras teria o objetivo de afastar a influência dos maus espíritos que ameaçariam suas colheitas.

No processo de ocupação das terras europeias, os povos pagãos trouxeram esta influencia cultural em pleno processo de disseminação do cristianismo. Inicialmente, os cristãos celebravam a todos os santos no mês de maio. Contudo, por volta do século IX, a Igreja promoveu uma adaptação em que a festa sagrada fora deslocada para o 1° de novembro. Dessa forma, os bárbaros convertidos se lembrariam da festa cristã que sucederia a antiga e já costumeira celebração do halloween.


Por ter essa relação intrínseca ao mundo dos espíritos, o halloween foi logo associado à figura das bruxas e feiticeiras. Na Idade Média, elas se tornaram ainda mais recorrentes na medida em que a Inquisição perseguiu e acusou várias pessoas de exercerem a bruxaria. Da mesma forma, os mortos também se tornaram comuns nesta celebração, por não mais pertencerem a essa mesma realidade etérea.

Entre todos os desalmados, destaca-se a antiga lenda de Stingy Jack. Segundo o mito irlandês, ele teria convidado o Diabo para beber com ele no dia do Halloween. Após se fartarem em bebida, o astuto Jack convenceu o Diabo a se transformar em uma moeda para que a conta do bar fosse paga. Contudo, ao invés de saldar a dívida, Jack pregou a moeda em um crucifixo.


Para se livrar da prisão, o Diabo aceitou um acordo em que prometia nunca importunar Jack. Dessa forma, ele foi libertado e nunca mais importunou o homem. Entretanto, Jack morreu e não foi aceito nas portas do céu por ter realizado um trato com o demônio. Ao descer para os infernos, também foi rejeitado pelo Diabo por conta do trato que possuíam. Vendo que Jack estava solitário e perdido, o demônio lhe entregou um nabo com carvão que lhe serviu de lanterna.

Ao chegarem à América do Norte, os irlandeses trouxeram a festa do Halloween para as Américas e transformaram a lanterna de Jack em uma abóbora iluminada com feições humanas. Os disfarces e máscaras, tão usadas pelos participantes da festa, seriam uma forma de evitar que fossem reconhecidos pelos espíritos que vagam neste dia. Atualmente, as fantasias são utilizadas por crianças que batem às portas exigindo guloseimas no lugar de alguma travessura contra o proprietário da casa.


De fato, a celebração do Halloween remete a uma série de antigos valores da cultura bárbaro-cristã que se forma na Europa Medieval. Nessa época, várias outras festas celebravam o processo de movimentação do mundo ao destacar os opostos que configuravam o seu mundo. No jogo de oposições simbólicas, mais do que o valor de um simples embate, o homem acaba por visualizar a alternância e a transformação enquanto elementos centrais da vida.


Curiosidades

1. Tradição Celta
A celebração é uma tradição dos antigos celtas e inicialmente comemorava o festival de Shamhain, palavra que está bem longe de significar qualquer maldição: é simplesmente o marco do fim do verão. O evento também festejava o final da terceira e última colheita do ano, o início do armazenamento de provisões para o inverno, o retorno dos rebanhos para o pasto e a renovação das leis celtas.


2. Desvendando a palavra
Na realidade, Halloween é o “fast mode” da expressão “all hallows’s even”, que significa “noite de todos os santos”.


3. Por que esta data?
Existem várias teorias que explicam a comemoração do Halloween em 31 de outubro. Uns dizem que esse é um dos dias de descanso das bruxas no calendário celta, outros dizem que é o tempo da morte e ressurreição da terra.

4. De celebração celta a Dia das Bruxas
Roma até chegou a celebrar o Halloween algumas vezes antes de Cristo, mas depois a festa foi intitulada como pagã e proibida pela Igreja Católica, que apelidou a celebração como Dia das Bruxas.

5. As abóboras assombradas
Quando se fala em Halloween, a primeira imagem que vem à cabeça é uma abóbora esculpida e iluminada. Essa famosa referência é conhecida como “Jack O’lantern”.
Segundo o folclore irlandês, um alcoólatra mal educado chamado Jack Miserable bebeu excessivamente em um dia 31 de outubro e o diabo veio buscar sua alma. Jack enganou o diabo para continuar bebendo e viveu por mais alguns anos. Quando morreu, não foi admitido no céu. Ressentido, o diabo também não o quis no inferno e o enviou para a noite escura com apenas uma brasa de carvão para iluminar o caminho. Jack colocou o carvão em um nabo esculpido que funcionava como uma lanterna e dizem que ele vaga pela Terra desde então.
Com o tempo, as pessoas criaram diferentes versões da Jack O’Lantern, esculpindo rostos assustadores em nabos, batatas e abóboras para afugentar Jack e outros espíritos malignos.


6. E o gato preto, onde entra?
O coitadinho do gato ganhou má fama em antigas lendas. Essas afirmavam que as bruxas se transformavam no bichano versão “black” e, para ajudar, algumas pessoas acreditavam que os gatos eram os espíritos dos mortos, mas nem tudo está perdido; hoje o gato preto é símbolo da capacidade de meditação, recolhimento espiritual, autoconfiança, independência e liberdade.

7. Caldeirão, aranhas e morcegos: afinal, pra que tudo isso?
Há quem acredite em significados ocultos para os itens do Halloween.
- A vela indica os caminhos para os espíritos.
- O caldeirão faz parte da cultura celta e era peça fundamental na decoração. Dentro dele jogam-se moedas acompanhadas de mensagens com pedidos aos espíritos dentro do caldeirão. Ao final da festa, essas moedas devem ser recolhidas e doadas a quem precisa. Já os bilhetes devem ser queimados para que os pedidos sejam atendidos mais rapidamente.
- A aranha simboliza o destino. O meio da teia representa o suporte para seguir em frente.
- O morcego simboliza a clarividência, pois o animal capta os campos magnéticos pela força da própria sensibilidade e energia, enxergando além das formas e das aparências.

8. Palheta de cores exuberantes
As cores laranja, preto e roxo não foram escolhidas por acaso para representar a festa.
- Laranja: cor que traz vitalidade, energia e força. Os celtas acreditavam que os espíritos se aproximavam daqueles que se vestiam de laranja para sugar-lhes a energia.
- Preto: cor predominante dos magos, bruxas, feiticeiras e sacerdotes do mestre das trevas.
- Roxo: simboliza a magia presente em toda a comemoração de Halloween.

9. Outros nomes, mesmo significado
A festa de Halloween equivale ao “Dia de Todos os Santos” e ao “Dia de Finados”. A celebração foi absorvida pela Igreja Católica para apagar os vínculos pagãos. Nos países de origem hispânica, comemora-se o Dia dos Mortos na mesma data. No Oriente, a tradição é ligada às crenças populares de cada país.

10. Gostosuras ou Travessuras?
Pois é, a famosa pergunta “gostosuras ou travessuras?” também se originou na Irlanda. Para celebrar a data, as crianças celtas iam de casa em casa vestindo roupas extravagantes e pedindo provisões para as comemorações de Halloween em nome da deusa Muck Olla. Os celtas acreditavam que o único modo de apaziguar os espíritos do mal era oferecer comida para ela. Quem se recusava a ajudar sofria com as “travessuras” da deusa. Já hoje, quem aplica o castigo são as próprias crianças.


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